Nesse mês de março, em que internacionalmente se celebra o “Dia da Mulher”, parei para observar e vi muitas campanhas e propagandas que abordam a temática da violência contra a mulher com cenas chocantes de espancamento, olho roxo ou com a imagem de uma mulher em uma penumbra se escondendo atrás da mão que pede um basta. Esse formato muitas vezes torna o tema um tabu, pois as mulheres que sofrem violência doméstica não se sentem representadas nessas campanhas e dessa forma não traz à tona um debate de ressignificação para as vítimas e de educação para a população.

Nós crescemos aprendendo que bater em mulher é violência, mas o que não nos disseram é que existem mais quatro formas de violência, que inclusive estão na Lei Maria da Penha.

Você sabia que a violência física que todos conhecemos é entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher? Pois é, além dela tem a violência psicológica, ou seja, aquelas que causam dano emocional e diminuição da nossa autoestima; a violência sexual, também está na lei e o que poucas de nós sabemos é que é possível sofrer esse tipo de violência com seu próprio parceiro, já que se referem à atitudes que constranjam ao presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada sob intimidação ameaça, coação ou uso da força. Outro tipo de violência muito desconhecida é a violência patrimonial, que acontece quando há retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos. E por fim a violência moral, muitas vezes tolerada e escondida, por nós, mas que nos expõe, com críticas mentirosas, acusações de traição, emissão de juízos morais sobre a conduta ou rebaixamento da mulher por meio de xingamentos sobre a sua índole.

Fui ao RioMar esses dias e me surpreendi ao ver a exposição “O Que Não Nos Disseram”, um manifesto artístico de força, de beleza e de coragem que aborda o assunto em uma experiência interativa sobre mulheres que foram vítimas de violência e que decidiram transformar dor em força, liberdade e informação.

Conheci a idealizadora, a jornalista Andressa Meireles, que explicou o projeto e ressaltou a grandeza dessas mulheres retratadas no tamanho da alma de cada uma:  gigantes ressignificando símbolos de episódios de violências para além do que se é discutido.
Abraçada por grandes nomes da fotografia cearense, por sua notoriedade, a exposição apresenta uma experiência sensorial de relatos emocionantes. Você vê as fotos e ao mesmo tempo ouve a história contada pela mulher retratada.

A Alyne Cosméticos abraçou essa causa, que muito tem se entrelaçado com o propósito da marca e convidou algumas embaixadoras digitais para conhecerem a exposição e falarem sobre o assunto.

Mila Vintage se emocionou ao ouvir as histórias. “Não conhecia todos os tipos de violência. A forma como o tema foi abordado, com fotos de mulheres reais representando sua dor, me surpreendeu. Fiquei impactada com tantas histórias e pude enxergar o quanto a violência contra a mulher é comum. Achei simplesmente incrível, estou pensativa até agora”, revela. Mila nos contou que sua melhor amiga sofreu violência doméstica, mas conseguiu sair dessa situação.

Mari Rosas, confirmou que muitas vezes a violência é associada apenas à física ou à sexual. “Na exposição conseguimos nos conscientizar de tantas outras que, muitas vezes, nós mulheres nem considerávamos como violência. A forma como foi exposta, colocando as mulheres sempre para cima, a forma como as valorizou e as deixou fortes. Sem contar na informação de explanar todos os tipos de violência contra a mulher” pontua. Mari está grávida de um menino, comentou que essa exposição abriu sua cabeça para a criação de uma nova geração de homens mais respeitosos e conscientes sobre o assunto.

Já Karollayne Martins, foi tocada de uma forma mais forte e pessoal pela exposição. Ela revelou emocionada que pessoas muito próximas passaram por situações assim. “ Minha mãe, minha prima e algumas amigas. No caso da minha mãe, era pelo meu pai, ele batia nela quando eu ainda era bebê, quando tinha 13 anos, descobri que ele batia muito nela. Passei muitos anos sem falar com ele por causa disso. Mas, depois eu o perdoei. Acredito que ele tenha mudado. Eu senti vontade de chorar, me arrepiava inteira, fiquei impactada com a história de mulheres e, ao mesmo tempo, feliz por ver algo tão delicado ser falado dessa forma”.

Marina Marques ficou surpresa com algumas histórias, como por exemplo a da Geovana, que era impedida de comprar brócolis, leite o avocado. “São situações tão absurdas, que às vezes nós nem imaginamos que mulheres passam por isso. Uma amiga minha já sofreu violência psicológica. Na época, nós não sabíamos que era caracterizado como violência, mas ele mexia muito com a autoestima dela. Eu tentava sempre mostrar o quanto ela é maravilhosa, lembro que na época dei até um jeito dela viajar comigo. Inclusive até hoje ela fala que aquela viagem foi ótima e como a ajudou.  É impossível não se comover com cada história; achei muito legal que a exposição ressalta a beleza de cada mulher, totalmente o oposto do que costumamos  ver. Mostra o que essas mulheres são: Lindas! Juntas conquistamos nosso direito na sociedade, direito de votar e direito de trabalhar e acredito que é assim que vamos conseguir ajudar mais mulheres a não sofrerem mais violência”, finaliza.

O projeto foi lançado no Centro de Eventos nos dias 05 e 06 na Conferência de Mulheres da OAB e chegou ao Shopping RioMar Fortaleza no dia 07, ficando até 17 de março. A Defensoria Pública do Ceará também receberá a exposição durante todo o mês de março e abril. Vale conhecer!

E você? Compartilha aqui o que sente sobre esse tema!

4 respostas a “O que não nos disseram?”

  • Parabéns pelo post muito importante e esclarecedora minha irma já sofreu muito tanto violência física quanto psicológica graças a DEUS conseguiu sair dessa situação.

      • A gente sofre violência psicológica e as vezes nem sabemos… as vezes achamos que nós somos culpadas…até virem toda uma consequência e percebemos que há algo de errado ali e deixarmos de nos culparmos . Pois a culpa não é nisso e sim somos vítimas.

        • Exatamente. Por isso é importante compartilhar esse tipo de assunto para esclarecer e ajudar as pessoas que passam por isso.

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